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Mostrando postagens de maio, 2013

DOEU

Escandalizou-se a classe política com o pronunciamento de Joaquim Barbosa. Deputados e senadores, principalmente os do lado do governo, excomungaram o Presidente do Supremo por causa de suas declarações. Realmente doem as palavras, ainda mais quando elas fazem uma análise crua da situação. Não deixam de ser observações reais e verdadeiras.  Os deputados e senadores situacionistas fazem o que a Presidente quer. E se não fizerem não recebem nenhum apoio do governo federal. Não adianta querer dizer o contrário, porque ninguém acredita. Estão na Câmara Federal e no Senado simplesmente para dizer amém aos projetos que vêm do Executivo, simulam acontecimentos para fazer de conta que vivemos uma democracia. É certo que o País precisava melhorar e atualizar a administração portuária, mas está totalmente errada a maneira utilizada para implantar essa modernização. Os parlamentares receberam as coisas prontas, imposto tudo goela abaixo. A determinação: “aprovem do jeito que está!

IDEALIZANDO UM RIO

Estive, neste final de semana, matando saudade do rio Paraná. Fui pescar e ver como anda "meu velho amigo", em Querência do Norte.  Fazia quase três anos que me encontrava ausente daquelas águas. Para meu contentamento, encontrei-o diferente do tempo que escrevi o livro “Quando faltam peixes, sobram histórias”. Embora se encontrasse cheio, despejando águas pelas barrancas, pude apreciar as transformações que se operam ali. Encontra-se com mais peixes.  As ilhas, quase recuperadas, estão tomadas por uma floresta nova que já cobre suas barrancas, há bem pouco tempo expostas. O pescador, muito mais consciente: pesca e obedece às regras, observando cada espécie, devolvendo ao rio se não atingem as medidas previstas em lei. Não se vê mais redes armadas nas embocaduras de pequenos afluentes.  O arrastão foi abolido.  Não presenciei carcaças, nem latinhas de cerveja boiando rio a baixo.  Animais como o jacaré, a capivara, o tatu se apresentam mais numerosos.  Os

VISITAS

Hoje cedo ameaçou retornar o vento sul. Vento sul no Campeche é conhecido de todos os moradores. Deu umas lufadas fortes, mas não continuou. Logo no segundo dia que chegamos aqui, ele ficou um três dias uivando pelos cantos da casa como a pedir para entrar. Fiquei meio desanimado, pois não dava para por o nariz para fora.  Passados os dias de fúria, se instalou um sol agradabilíssimo e um céu azul que impressionava. O Campeche ficou lindo. Lindo, curioso e atraente. Moro numa rua sem saída. Minha casa é a penúltima indo para o fim. Na continuidade há muitas árvores e nelas habitam animais silvestres. Bem ao lado do meu portão de entrada, esparramando seus galhos para dentro do lote, há uma castanheira. Ontem, quando de baixo dela admirava suas folhas verdes e seus galhos bem formados, fiquei surpreso com o que vi: um casal de saguis. Sagui é uma miniatura de macaco. Pequeno, esperto, cauda comprida, que me observava empoleirado num galho distante uns três metros. Chamei

INÍCIO DA PESCA

Hoje a praia do Campeche amanheceu agitada. Bem diferente dos dias anteriores que pela manhã estava sempre deserta. Só alguns caminhantes adoidados como eu e os permanentes surfistas, nada mais. Espantei-me com o movimento. E só fui saber do que se tratava quando vi uma multidão de pescadores  agarrados a uma rede enorme, que do mar era puxada para a praia. Era o início da temporada da pesca da Tainha. O mar, à frente, estava tomado por barcos de pescadores que andavam ao longo da costa. Eu nunca havia presenciado a pesca da tainha, mas concluí não é muito diferente da de arrastão que praticávamos nas praias do rio Paraná. A diferença está que aqui tudo é maior. A rede é maior. O número de puxadores é desproporcional. A quantia de peixes é maior. Os gritos e os comandos parecem desesperados quando o círculo vai se fechando e o espaço diminuindo. Alguns peixes ainda conseguem pular por cima, mas a maioria vai se amontoando formando um saco enorme onde  centenas e cente

UM MÊS

Tenho recebido muitas ligações e “emails” de amigos e conhecidos que ainda parecem não entender o que aconteceu. Assim, de uma hora para a outra, abandona a buliçosa Curitiba e vai viver no silêncio do Bairro Campeche, em Florianópolis. Custam entender o ocorrido. Mudança da água para o vinho. Destaque em Curitiba, Secretário do conceituado Conselho Estadual de Educação, Assessor na tumultuada e prestigiada Vice-Governadoria, no Palácio Iguaçu. Perguntam-me o que estou fazendo, ou o que fiz durante esses trinta dias de Ilha. Respondo-lhes que nada mais do que organizar as coisas na nova casa. Acertar o lugar de um móvel, colocar as cortinas, pintar o muro, ajeitar o varal, regar a grama que está nova, plantar umas árvores, ajudar a Lu na formação da horta. Nesse domingo passado - dia das mães - inauguração da churrasqueira. Como ficou boa! Nada de fumaça que nas mal confeccionadas se espalha pelo recinto fazendo os presentes chorar.  Apesar disso tudo, ainda tem sobra

TREZE DE MAIO

Treze de maio sempre esteve marcado em minha vida. Há uma música religiosa presente até hoje, cujo primeiro verso: ”A treze de maio, na cova da Iria, apareceu brilhando, a Virgem Maria.”, cantávamos no seminário de Palmas para comemorar o aparecimento de Nossa Senhora, em Fátima, Portugal, aos três pastores. Essa mesma data marca a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Izabel, abolindo, oficialmente, a escravatura negra no Brasil. A primeira, de cunho essencialmente religioso, atingiu uma repercussão mundial, colocando Portugal na mídia e oferecendo novas alternativas turísticas que alavancaram a economia de uma região paupérrima do País - no entendimento do escritor português Miguel Souza Tavares - em seu livro Equador – Editora Nova Fronteira. Já o segundo acontecimento que se comemora nessa data  reveste-se de um profundo significado social/econômico.  A Abolição da Escravatura não foi fácil como pareceu no papel. A Lei promulgada, mas desrespeitada nos primeiro

Aproveitando o Tempo

Já pelo final da tarde recebo uma mensagem através do celular: - “Papi, vamos dormir aí na casa de vocês.” Claro que gostei da mensagem e muito mais, do que ela informava.  Respondi: - Podem vir... Tem cama e coberta. Fiquei pensando, depois, e conclui que fora muito seco na resposta. Deveria ter respondido com umas palavras mais carinhosas. - Mando outra? Além de cama e coberta poderíamos oferecer muitas outras coisas. É claro que são duas palavras que proporcionam muitas interpretações. Metafóricas por excelência. Mas não me contive: - Venham logo, tem chimarrão com aquela erva novinha, que veio do Paraná. Bolinhos ainda quentes, feitos pela tua mãe. Ela até já começou a janta, depois que li a tua mensagem. Cerveja gelada, ou vinho chileno, não podem misturar. E uma surpresa toda especial: lá pelas vinte e uma horas, aqui dos fundos da nossa casa poderemos assistir a lua cheia que vai aparecer surgindo do mar. Depois tem uns filmes daqueles que vocês gostam

O Cabeça Chata

Nunca fui um assíduo leitor de Monteiro Lobato. Conhecia pouca coisa dos seus escritos e até nas minhas antigas aulas de literatura, nunca dei muito destaque a esse escritor brasileiro. Depois que conheci Taubaté - sua terra natal - e o Sítio do Pica Pau Amarelo, que ainda lá é mantido à duras penas, passei a me interessar. Estou lendo um de seus livros: “Na Antevéspera” – Editora Brasiliense, e a cada capítulo que passo mais me encanto com o pensamento desse paulista. Deduzo que pela sua capacidade crítica, sempre se opondo ao sistema político vigente e fazendo uma análise realista da situação brasileira, foi ele muito incômodo menosprezado e colocado no esquecimento. Fiquei boquiaberto com o capítulo “O cabeça chata”, às páginas 235-237, que transcrevo na íntegra:  “Nada mais difícil do que julgar. Quem ouve as razões dos dois lados, vacila em dar sentença. Porque ou dá razão às duas partes ou não a dá a nenhuma. A vesguice do regionalismo no Brasil criou o há

COMPROMISSO

  Se existe uma pessoa que tem medo do mar, essa é minha sogra.  Tem na cabeça que o mar vai cobrir todas as praias e  cidades litorâneas. Sente um medo inexplicável e é inútil dizer qualquer coisa contra. Não falou nada, nem contra nem a favor, quando decidimos morar em Florianópolis. Meu Deus , uma ilha, disse apenas certa vez. Depois silenciou. Dia desses convidei-a para nos visitar e passar uns dias aqui. Nem pensar. Posso tirar essa ideia da cabeça, ela jamais virá. Para amedrontá-la mais ainda, (nunca devia ter falado isso), disse-lhe que a ilha balançava. Ela arregalou os olhos e indagou assustada: balança? Balança, disse-lhe. Quando tem muito vento e o mar está agitado ela balança, afirmei.  Santo Deus! Filhos de Deus, saiam desse lugar o quanto antes! Tanto lugar bom e seguro para morar, vão procurar um desses!  Arrependi-me do que havia dito. Não devemos abusar das pessoas mais velhas! Elas têm as suas idéias e não adianta. Naquela sua simplicidade