Postagens

Mostrando postagens de junho, 2017

SONHO MALUCO

O homem acordara lá pelas quatro da madrugada, muito aflito. Pescoço a escorrer lhe largo suor e os cabelos completamente molhados. Em meio à escuridão do quarto, sentiu que também o colchão onde dormira encontrava-se molhado. Pode vislumbrar a silhueta  da esposa sentada no lado oposto da cama,  que lhe fazia carinhos e o convidava para que  fosse sentar  ao seu lado. Dissera-lhe estar com insônia  e se preparava para levantar. Havia tido um sonho também , mas não conseguia lembrar-se dele.  O homem sentiu um leve estremecimento e disse que também havia sonhado, lembrando-se  de todos os detalhes.  - Gostaria que me contasse -, falou ela -, aparentemente curiosa. Enquanto as luzes iam sendo acesas e os travesseiros  e lençóis  amontoados pela situação  lamentável que se encontravam, ele sentou-se ao lado da mulher e  começou a relatar seu sonho.  Eu estava  numa rua estreita e antiga, com pedras de paralelepípedos irregulares, cheia de buracos que dificultavam o trânsito

O ESTARRECIMENTO POPULAR

A Mírian Leitão, comentando, no Jornal Nacional de hoje, 22/06, a situação política brasileira, principalmente as decisões que estão por sair nos Supremos Tribunais, proferiu uma frase no mínimo preocupante: “Não há uma solução boa.” Isto significa dizer que qualquer uma que for tomada, não será capaz de resolver os problemas existentes.  A que situação chegamos! A população, descrédula, mas observadora, parece conhecedora da situação e um fato que presenciei na saída de um Posto de Saúde, aqui no norte da ilha de Santa Catarina, mostra o quanto ela se encontra ligada.  Como todos sabem, há tempos já vem ocorrendo a falta de remédios populares e, agora, mais recente, tem faltado também vacina. Pois um senhor, pelas suas características, muito pobre, quando saía de um desses Postos sem conseguir os remédios que necessitava, comentou com uma pessoa que se encontrava a seu lado: “Agora os nossos políticos, porque não podem mais roubar dinheiro grosso das empreiteiras - estão pegando 

LEMBRANDO MINHA IRMÃ

A Lidia morreu... Quer uma notícia pior, às três da madrugada, anunciando o passamento de uma pessoa querida?  Parecia um pesadelo... e o sono sumiu... Fiquei aqui pensando.. Lembranças tenho muitas e de muito tempo:  Da criança com quem brincava e convivia, Numa família de sete filhos, Com muita luta e extrema dificuldade. Tornou-se mocinha, sonhava com seus projetos! Dizia que teria uma fortuna,  E enfrentava os desafetos. E realmente ficastes rica: De amigos, De conhecidos,  De família De patrimônio.  Quantos pretendentes?  Me pedia para escrever as poesias, Que mandavas para os seus namoradinhos, Pois dizia que minha letra era bonita.  Quantos sonhos se descortinando pela frente.  Quantas dificuldades no caminho! Até que o coração achou seu par E foram os dois  Catar palitos e construir seu ninho. E quanto mais pensava, mais me convencia: Não havias morrido... O pensamento demora para assimilar E quando precis

ORDEM DE MORTO

Em visita a um dos muitos cemitérios de Curitiba, encontrei uma frase que me chamou atenção: “Aqui jaz um homem muito a contragosto”. Confesso ter gostado dela. À primeira vista, serviu para concluir que lutar contra a morte é um constante trabalho do ser humano e sempre uma batalha inútil. Podemos espernear da forma como quisermos, mas ela, mais cedo ou mais tarde, virá. Lutamos para adiar o seu trabalho, porém ela se instala logo no primeiro segundo do nascimento, começando uma tarefa silenciosa e destrutiva.  Mas aquele indivíduo que estava ali fora mesmo atrevido! Só o levaram para aquele lugar porque lhe faltou a vida. E foi quando a tinha, que determinou fosse registrado a sua insatisfação.  Depois desse achado, ando a me perguntar: há os que desejam morrer porque cansaram; há os que morrem porque querem; há os que lutam até as últimas forças para que isso não aconteça.  Os que não falam nada jazem ali sem nenhuma manifestação, apenas as duas datas: a do nascimento e a 

AMOR ESGOTADO

Chegaste com tanta sede, que aquele copo transbordante foi muito pouco : bebeste de uma só vez, tomada de um desejo adolescente, achando que a felicidade se resumia, num simples sorver enebriante. de um instante! Eu te falei: sejas cautelosa! Beba de vagar, a rapidez não mata sede e  a água pode terminar. Não ouviste meus conselhos ... a tua frente resta um copo vazio, que não se enche, nem se recupera. Eu queria ser bebido lentamente, para poder lhe dar os meus prazeres, entregues à conta gotas. (Mario José Amadigi - Poemas Adultos)