Postagens

Mostrando postagens de maio, 2010

JUNHO

J unho é tão rápido: nem bem começa termina, passa como um vendaval, ao embalo das pipocas, amendoins e quentão, recheado de meninas, que fazem festas juninas, na noite de São João! H á risos e alegrias, namoricos nas quadrilhas por conta dos muitos santos: tem Antônio, tem João, gente saltando fogueira, alimentando as folias. N ada aqui está ruim, tem Pedro e o santo Paulo, santos que não tem fim... R oupas de lá, blusas grossas, fogueiras já se acabando: falta lenha pra queimar e fumaça é puluição. E junho me traz saudade, junho é um mês tão diferente, nele também nasci, numa noite invernal, estranhando o frio do mundo embora fogueiras queimavam, naquele dia gelado, mas quente de tanto afeto. C omo ele, passo ligeiro, dissolvo-me pelas fogueiras, lembrando de meu passado, vivendo os junhos que chegam, sem me dar por satisfeito.

MAL ESTAR

C onvivo com o funcionalismo público estadual e sinto o descontentamento generalizado que se instalou pelo não pagamento dos 5% de aumento de salário na folha do mês de maio. Tinham esperanças, mas a folha saiu e o aumento não veio. S ão coisas que não dá para se entender. Dizem que isso não está sendo feito pela diminuição ocorrida na arrecadação do Estado. P ois esse aumento já está autorizado pela Assembleia desde março/2010 e ele é tão insignificante que não adiantam explicações. Torcem por uma folha suplementar.

ATRAÇÃO

C hegou desconfiado... Observou as coisas demoradamente: de norte a sul, de leste a oeste, com o maior cuidado. A rriscou um olhar fortuito, sentiu a primeira afinidade, numa magia que atrai e escraviza. N ão demorou, nem foi difícil, trilhar os novos caminhos. Deixaram-se explorar em todos os pontos cardeais. P assaram a sentir felicidade, o que faltava nele, estava nela, misturadas as energias veio o encantamento, sentiu-se o gozo, felicidade duplicada, incontroladas alegrias, desregrado contentamento... propósito mútuo: seria assim até o fim!

OS DOIS LADOS

Ela está com oitenta anos, ele completa vinte. Ambos dormem, em plena segunda-feira, enquanto o sol racha lá fora. Os da casa passam sorrateiramente para não interromper o resfolegar da anciã, mas não se preocupam com o sono pesado do jovem. Também, não é justo que esteja a dormir a essas horas, em pleno dia de trabalho! Torcem pela permanência do sono dela, não se procupam com o dele. Ambos não haviam dormido durante a noite anterior. Ela pelas dores que sentia no corpo todo; ele, em consequência da agitação, da bebida e dos momentos aprazíveis da juventude. Aquele sono lhe trazia momentos de alívio e tranquilidade, num sono profundo proporcionado pelos remédios que, finalmente, dominaram-lhe o corpo; ele tinha um sono agitado, doía-lhe a cabeça, o corpo estava um trapo, boca ressequida, respiração ofegante. Não convinha que se preparasse o almoço dela; faltava apetite nele. Estive a pensar nesses extremos e conclui que a velhice precisa de dormidas para livrar-se do sofrimento e da

PRESTANDO HOMENAGENS

Hoje quero prestar homenagens. Meus colegas de trabalho estão se realizando profissionalmente. O Carlos Alberto Rodrigues Alves assume como Chefe da Superintendência de Desenvolvimento Educacional - SUDE, da Secretaria de Estado da Educação, aceitando coordenar uma tarefa cheia de responsabilidades. Levou consigo mais uma companheira de trabalho lá do Conselho Estadual de Educação, a Rita Machado. Fiquei sozinho na minha sala, torcendo pelo sucesso dos dois. Dias passados, também a Siloé de Lourdes Costa, a minha Secretária Municipal de Saúde, na época que fui prefeito de Querência do Norte, tomou posse como Chefe do Grupo de Recursos Humanos da SEED, em Curitiba. Sinto-me orgulhoso e gratificado com o reconhecimento que estão tendo. Desejo aos três sucesso pleno em suas novas empleitadas. Mais do que nunca, torço para que vençam também esses desafios.

FOGUEIRA DE SÃO JOÃO

Quem não se lembra de uma fogueira de São João? Os jovens há mais tempo, têm lembranças claras dela! A noite da véspera do vinte e quatro de junho era uma data mágica. Noite sempre gelada, no sul, dificilmente chovia. A chuva deixava para vir após a festa.Nunca vinha antes que era para não molhar a lenha, vinha depois para apagar as brasas restantes que teimavam em ficar. Ainda hoje me pergunto e não tenho respostas às minhas interrogações. Ao redor de um fogo sagrado se reuniam, sem serem convidadas, dezenas, centenas de pessoas permanecendo a conversar, a rir, a beber, a ver o fogo consumir aquela madeira seca. Dançavam quadrilhas, faziam casamentos de mentirinhas, tomavam quentão, direcionavam olhares apaixonados. Queimavam-se pneus velhos também, mas eles não eram usados nas fogueiras feitas para se passar de pés descalços sobre as brasas esparramadas. Estourávamos bombinhas, buscapés, até alguns foquetes, todos comprados com enormes sacrifícios. Assávamos pinhões, batatas doces e,

ATIVO E PASSIVO

A comodadas nas escadarias de uma praça, duas jovens haviam escolhido o local para um encontro normal de namoradas. Fosse numa cidade pequena corriam o risco de molestamentos, mas aquilo era comum numa cidade cosmopolita. O movimento intenso do local passou a sentir suas presenças. - Está vendo aquelas duas a se agarrar ali na escadaria? - comentava um, apontando o local. - Chegaram ainda há pouco, disse outro, aparentemente já se aprazeirando com aquelas cenas! - Que tristeza isso! - Tão jovens, tão bonitas e assim perdidas! - Não passam de dezesseis anos! - Que prazer estranho! - Beijam-se apaixonadas! - Vou avisar a polícia! - Não interfira na vida dos outros! - Deve ser muito triste para os pais! - São corajosas e assumidas! - Hoje isso é comum! - Não concordo, não dá liga! - Dá sim, vejam como se entrelaçam as línguas! - A polaquinha é mais agressiva! - A outra não reage, mas demonstra estar gostando. - Já liguei para o cento e noventa. - Não devia ter feito! - Disseram que não vi

PARA COLHER PINHÕES

N os meses de maio e junho, quando quero colher pinhões, diretos vindos da pinha, vermelhos e bem maduros, levanto sempre bem cedo, estão todos pelo chão! A travesso a minha rua e logo encontro as araucárias, elas trabalham à noite parecendo expulsar os filhos, esparramando-os pelo chão. S e demoro, se durmo um pouco mais, outros passam e levam os frutos e só encontro esparramadas, as palhas que estavam juntas. S e quiser pinhões fresquinhos, acorde de madrugada, cruze a rua rapidinho bem antes do sol nascer, os frutos ainda orvalhados, aguardam pela colheita, mas não demore!

UM NOVO MÉTODO

D omingo pensei num almoço diferente. Fui a um supermercado e comprei 500 gramas de filé de robalo. Daria para duas pessoas sem qualquer problema. A Lu faz um peixe ao forno invejável. Pus para descongelar e por causa do frio, demorou bem mais que o normal. Não gosto de fazer isso utilizando o micro ondas, nem de qualquer outro meio que agilize o processo. Conforme o gelo ia sumindo, sumia o filé também. No momento que terminou o descongelamento, a carne se desfazia de mole e deduzi que não havia meio quilo de peixe naquela porção dão reduzida. Pasmem: pesou 385 gramas. Cheguei a uma triste conclusão: estamos sendo roubados por todos os lados. Roubados no peso, nos caixas, na ilusão das liquidações, na descrição dos produtos, na péssima qualidade, na validade, enfim, onde podem obter lucros lançam mãos sem receio nem escrúpulos. Poucos percebem isso. Os que reclamam são acalmados com pedidos de desculpas e devolução de dinheiro que é feito sempre por pessoas treinadas para mostrar que

JARDIM RECUPERADO

S e você chegasse... Ia encontrar o jardim lá da calçada, verde, limpo e muito belo, com os arbustos todos bem cuidados. A quela ávore que podamos no começo do inverno, que ficou somente o tronco, está formada, uma copada de folhas e de galhos que brotaram. N ão cresceram muito, mas se agruparam, num abraço fraternal de folhas e de galhos. V aleram os cuidados e os carinhos, Até os sabiás já fazem ninhos! A água que se chegou nos tempos secos, a compostagem que gerou as vitaminas, os tratos, os tratos, os tratos... recuperaram vidas, no início da primavera!

TRABALHANDO EM CUIABÁ

E stive em Cuiabá - como Secretário Geral do Conselho Estadual de Educação do Paraná - participando de uma reunião do CODISE - Colegiado Nacional de Diretores e Secretários dos Conselhos Estaduais de Educação, nos dias 12, 13, 14/05/2010. A Secretária do CEE/MT., Odorica Moraes de Oliveira, com total apoio e participação do Presidente Geraldo Grossi Junior, recepcionou todos os secretários e secretárias dos Conselhos Estaduais de Educação dos Estados Brasileiros. N esse encontro foram debatidos assuntos ligados à educação com a presença de palestrantes competentes que trataram dos mais variados assuntos: a) Regime de Colaboração entre Estados e Municípios para a Educação Básica; b) Multiculturalismos e Tolerância (uma mesa redonda que abordou temas como Homofobia, Racismo e Gênero); c) Educação Superior Indígena - experiência do Mato Grosso; d) Formação de Professores. O s assuntos debatidos sempre numa profundidade muito grande. Mas o que me chamou atenção nesse acontecimento foi: a)

ANDARILHOS DO FRIO

E les perseguem o frio, não sei se porque gostam tanto dele, talvez pelas circunstâncias, talvez porque são jovens e buscam o gelo. É assim... parecem sempre sem folhas, querendo estourar os brotos, preparando flores!

LIMPADORA DE VIDROS

V igésimo andar, paredes de vidro que precisavam ser limpas, sem muito custo, para melhor entrar o sol. N uma invasão transparente, sem imaginar o perigo, esfregava o pano esticava o braço, dobrava-se olhando a calçada lá embaixo. E la arriscava sua vida, para tirar as manchas, esfegando pano, esticando o braço, dependurada. T anto esforço, para oferecer aos outros a transparencia, que nem ela sabia se tinha dentro de si.

JUSTIFICATIVA

Eu não sei falar, só sei escrever, com os sons eu me embaralho, com as palavras, me divirto.

TRANSFORMAÇÃO

N ão espere coisas de mim eu sou assim... Nasci sem definições, cresci sem preconceitos, e me faz bem ser assim. Não sei dizer verdades, nem praticar mentiras, falo o que me faz bem. Acho tudo uma falsidade, não sei, talvez seja a idade, que me levou a ser descrédulo, a desconfiar das coisas, a antever os pensamentos mal contados, a não correr o risco de ser enganado. Nem liga, eu sou assim, sem parâmetros concretos, sem procedimentos retos, pobre de mim: tão desconfiado, feliz de mim: sem desafetos. Não tenha pena de eu ser assim! Já não sinto se o amigo morre, nem ligo quando a criança chora, nem tomo mais os meus porres, se brigam na rua, ou xingam no trânsito. Está tudo diferente agora, pobre de mim, feliz de mim...

FAZENDO A CABEÇA

Se demoro para descer à praia, meu cabelo cresce. Por causa da feiúra que fica, ela já me propôs, várias vezes, que eu fosse cortá-lo na sua cabelereira. Fica perto da nossa casa e sempre me tem repetido que é uma excelente profissional. Acertaria o corte, repete sempre, porque não gosta do modo como a cabelereira praiana trata da minha cabeça. Eu jamais aceitei a proposta que insistentemente minha esposa faz. Ficar expondo a cabeça a muitas pessoas não é bom, explico! Podem ficar relatando por aí as deformidades que ela contém. As cicatrizes e outras coisas. A profissional dos meus cabelos, tenho certeza, nunca contou nada a ninguém. Mas outros motivos básicos me levam a continuar com essa mania, segurança e preciosismo: quer coisa mais gostosa que ficar cuidando do cabelo, nariz, sobrancelhas observando o mar que vem morrer ali bem pertinho daquele salão? Passar o tempo sentado naquela cadeira de manicura a observar o rebuliço das gaivotas atrás de peixes? Ver os casais de namorado

MENSAGEM

A sutileza das tuas palvaras me encantam, ferem, machucam, fazem-me pensar... Nunca contam tudo, chegam a conta gotas e, lentamente, vou entendendo tua mensagem. São palavras enluvadas, acariciam e lançam esperanças, que parecem abrir horizontes e fechar projetos. Criar expectativas, idealizar sonhos, não esquecer nunca tua pessoa. Sutis palavras, sempre incompletas, insinuantes, magoadas, chorosas, sugerindo ter sido enganada. Ninguém engana quando não esquece... Ninguém deseja fuga, quando o pensamento vive presente. Talvez, talvez, talvez, a inconstância, a insegurança, o descomprometimento, o momento adequado, ainda não chegou. Pode não chegar, mas a lembrança está sempre presente.