TRANSFORMAÇÃO

Não espere coisas de mim
eu sou assim...
Nasci sem definições,
cresci sem preconceitos,
e me faz bem ser assim.

Não sei dizer verdades,
nem praticar mentiras,
falo o que me faz bem.

Acho tudo uma falsidade,
não sei, talvez seja a idade,
que me levou a ser descrédulo,
a desconfiar das coisas,
a antever os pensamentos mal contados,
a não correr o risco de ser enganado.

Nem liga, eu sou assim,
sem parâmetros concretos,
sem procedimentos retos,
pobre de mim:
tão desconfiado,
feliz de mim:
sem desafetos.

Não tenha pena
de eu ser assim!

Já não sinto se o amigo morre,
nem ligo quando a criança chora,
nem tomo mais os meus porres,
se brigam na rua,
ou xingam no trânsito.

Está tudo diferente agora,
pobre de mim,
feliz de mim...



Comentários

Nelci Peripolli disse…
Que delícia de poema, Mário.Então já estou ficando velha também, porque esse poema me cutucou, até parece que você estava falando de mim, mas eu ainda choro com a morte de quem eu gosto.
Poema leve, livre, meio prosaico, por isso mesmo essa gostosura de ler!
Carmem Gomes disse…
Mário, me sinto partícipe desse seu despretencioso
poema. A vida é assim... a gente vai negaciando...
aprendendo a negaciar...

abraços... até Cuiabá!
Carmem
Unknown disse…
Acho que prefiro os que andam em direção ao gelo que os que se congelam.

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