DESCENDO A LADEIRA I

Do alto dos meus 65 anos, confesso não ter visto uma situação como a existente hoje. Ao se ler jornal, ver ou escutar notícias na televisão ou rádio, acessar a internet ou participar do face book, constataremos que os problemas encontrados são sempre os mesmos: o inconformismo, a revolta, a insatisfação, a desilusão com o que está acontecendo no Brasil. E o mais terrível: o povo sente-se impotente. As palavras e as reações diante dos problemas são sempre as mesmas: lamentável..., isso é Brasil..., que barbaridade..., fazer o quê?
Acompanhando notícias do exterior é possível constatarmos que estamos sendo motivo de piadas, gozações pelo que vem acontecendo aqui. A corrupção parece que tomou conta do governo. Os órgãos públicos se tornaram ineficazes. As obras não avançam, a cotação da nossa Presidente cai; O PIB desanda (foi, inicialmente, programado para 4%, caiu para 3.6% e agora estamos em 1.8%); enfim, um descrédito completo toma conta do País.
O que estaria acontecendo? -, perguntam-se todos. As greves travam tudo. As manifestações de rua acabam sempre em tragédias. As leis são desrespeitadas.
Políticas erradas do governo mostram-nos que não podemos pensar em progredir: não há energia suficiente para movimentar novos empreendimentos; falta água para abastecer nossas casas; as ruas e estradas tornaram-se intransitáveis pelos descontrolados congestionamentos; a justiça ordena aos grevistas que retornem ao trabalho e eles simplesmente desrespeitam as determinações e permanecem na inércia e na contestação, indiferentes a continuarem empregados ou serem demitidos.
Ao lado de tantas carências, desenvolve-se a violência urbana, os assaltos, roubos, assassinatos. As escolas mal equipadas, sem professores e sem qualquer incentivo; a saúde ao abandono, sem remédio, com consultas e procedimentos cirúrgicos agendados que levam anos para serem realizados.
E o mundo das drogas? Fingem-se medidas, criam unidades pacificadoras, recruta-se o exército, divulgam-se medidas preventivas e os sucessos alcançados com as intervenções policiais são comemorados nas instituições. Apesar disso tudo, o crac, a cocaína, a maconha, e outros tantos entorpecentes continuam fazendo drogados, idiotizando e inutilizando cidadãos indefesos em todas as cidades brasileiras e também no campo. 
Mas ao lado de tantos problemas, o mais sério de todos, é a corrupção generalizada entre os que estão no poder. Ela desvia dinheiro para o particular, impossibilitando sua aplicação no bem público. Pregaram honestidade, justiça, milagres econômicos e um mundo novo para conseguir chegar, depois se tornaram os maiores trapaceiros, ladrões e sugadores. (existem os honestos nesse meio).   Seguem a famosa frase de Millor Fernandes: “é preciso se chegar ao poder para se tornar corrupto”. Exploram as maiores estatais, tornando-as quase inviáveis e quando inquiridos, atribuem-se inocência, desconhecimento de fatos. Reportam ao passado, dizendo que quem roubava eram os anteriores, burlesca justificativa para inocentar seus erros.

Os órgãos governamentais encarregados da fiscalização mostram-se ineficazes fechando os olhos e acobertando firmas “trilhionárias” que vergonhosamente exploram a população. Vejam as empresas de telefonia. Temos o serviço mais caro do mundo pelo minuto de ligação e que também é o pior. Um campo sem controle cuja explicação tem duas facetas: a incompetência e o desconhecimento dos que gerem ou a anuência e o conluio para o enchimento dos bolsos particulares. 
(continua em Descendo a Ladeira II)

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