DESCENDO A LADEIRA II
Vejam a situação dos Correios: os
diretores conhecem as “Greves Cíclicas” (aquelas que já são programadas e com
datas para acontecer), mas pouco ou quase nada fazem para solucionar o impasse.
Continuam recebendo correspondências e cobrando pelo serviço sem, contudo,
entregarem esses documentos dentro do "prazo útil". E o povo, coitado, terá que
pagar juros, correções e multas, se não apelar para o telefone atrás do código
de barras e do valor devido.
E o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)?
Outro gargalo governamental, e, que, comprovadamente, não tem capacidade de administrá-lo ou, por outras razões, quer que prossiga assim. Começam-se os
trabalhos, recebe-se o dinheiro e as obras param. As empreiteiras adotam o
esquema da “criança briguenta”, aquela que para de chorar quando lhe fazem agrado. Somente continuam se houver reajustes nos
contratos. E as obras começam e param, param e começam e se prolongam pelo
tempo, conforme a alimentação do reajuste vai acontecendo.
Vejam a situação dos aeroportos -, porta
de entrada dos estrangeiros para a Copa do Mundo. Pouquíssimos estão com seus
cronogramas em dia. Mais da metade não terá a ampliação ou reforma prontas para
esse evento.
E ficamos brabos, nervosos, irritados, em
nosso “patriotismo tupiniquim” quando, pela nossa ineficácia, incapacidade ou
desonestidade, nos tornamos motivos de risos dos países estrangeiros!
E não se trata de culpar partidos:
incompetências e más administrações aconteceram e acontecem em todas as gestões,
anos e épocas. Tem-se a convicção que a frase do Millor está sempre viva.
Concepção antiga, resultado de um passado histórico?
Se voltarmos à história do tempo de
colônia, veremos que procedimentos parecidos já eram postos em prática com a maior
naturalidade. D. João VI -, só para exemplificar -, considerando que a coroa
portuguesa estava falida quando da chegada ao Brasil, criou um subterfúgio para aquinhoar e conseguir dinheiro: passou a cobrar impostos pesados e a vender
títulos honoríficos, que desviavam do real objetivo: conseguiam tais títulos
não os merecedores de honras por feitos realizados, mas aqueles que tinham
dinheiro suficiente para comprá-los.
Justifica-se então a prática atual do
enriquecimento ilícito no meio político brasileiro, dominado por negociatas e
comissões extorsivas? Claro que não! O que fez o monarca português quando no
Brasil se deparou com a falta de recursos, não deixa de ser até compreensível e
aceitável, não legal, pois o objetivo era sanar as finanças da coroa. O que
fazem os nossos governantes atuais não está voltado para o bem público, tão
somente para o particular, o enriquecimento deles e dos seus comparsas,
ocasionando o empobrecimento da nação e o consequente abandono dos menos
favorecidos.
Em decorrência disso, nossos serviços
públicos são péssimos: na educação, na saúde, nos transportes de massa. Faltam
professores, porque o salário é baixo; faltam médicos porque os atrativos
financeiros públicos levam-nos para o particular; falta transporte coletivo de
massa adequado porque o dinheiro se dilui em negociatas para beneficiar os
envolvidos nas licitações “trilhionárias”.
Volto à perplexidade e conformismo inicial: fazer o quê...?
Lastimável...! O Brasil é assim...! E pergunto: tem jeito? E também respondo:
tem sim...: a participação, a discussão, a não aceitação, o inconformismo, as ruas. O voto, meu (minha)
caro (a); o voto!
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