A COPA DO BRASIL


Estive ouvindo e lendo alguma coisa que me levou a escrever fazendo uma análise sobre a Copa de 2014, no Brasil.

Passada a euforia de ser escolhido para sediar uma competição dessas, as coisas começam a se assentar e vai se criando uma idéia mais clara sobre a questão. São os prós e os contras a respeito do assunto.

Tomemos por base a última Copa realizada na África do Sul. A FIFA, logo que terminou o encontro da Alemanha, indicou esse País e entregou uma cartilha mostrando o que seria necessário para sediar a competição no país africano.

Seria a primeira nação daquele continente e essa oportunidade não podia ser desperdiçada. Ficariam na história, pensaram os mandatários sul-africanos.

As obras exigidas pela Federação Internacional de Futebol começaram a ser construídas. O País convocou os maiores arquitetos do mundo para projetar os estádios e os locais onde os jogadores dos países participantes ficariam alojados.

E a cada pouco, representantes da FIFA, obedecendo um rigoroso calendário, visitavam a África do Sul para ver o andamento das obras. Cada visita era uma tortura e se revestia de muitos comentários. A verdade é que, à custa de muito esforço e somas incalculáveis, às vésperas da competição, tudo estava praticamente pronto. A copa aconteceu. A bola tornou-se conhecida pelo nome de "jabulani" e aquela corneta barulhenta, tornou-se famosa no mundo todo.

Agora que o Brasil começa a organizar a próxima copa, ouço comentários de que a maior parte das construções feitas por lá se encontram ociosas. As cidades onde foram construídos os estádios que custaram milhões de dólares, não têm times de futebol à altura e nos encontros futebolísticos as arquibancadas ficam vazias. Os outros empreendimentos também sofrem os mesmos efeitos e se encontram quase que abandonados.


No Brasil começou a acontecer o que ocorreu com a África do Sul. A disputa entre as cidades brasileiras para serem sedes acabou e as escolhidas começam a sentir o peso da responsabilidade.

A FIFA, entidade calculista e fria, praticamente desprovida de sensibilidade - da mesma forma que fez em outros países, pois seu objetivo é praticamente só o financeiro, e é por isso que se constitui numa das entidades mais ricas do mundo - vem ao Brasil periodicamente para realizar as vistorias e o que está constatando parece não lhe agradar. Para completar a insatisfação, dia desses Pelé andou dizendo que os preparativos da copa estão atrasados no Brasil.


Pois bem, não vou me ater a nenhum outro lugar, quero falar da sede estabelecida em Curitiba. É claro que várias cidades já iniciaram suas obras e estão até adiantadas, como é o caso do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Mas vejam a situação de São Paulo. A cidade é a sede indicada para realizar a primeira partida da Copa. Por razões muito mal explicadas, reprovaram o estádio do Morumbi e dizem que vão construir um estádio novo, que ainda não começou.


Curitiba teve o estádio do Atlético escolhido para os jogos de uma das sedes. Atualmente a Arena da Baixada, como é conhecida, tem capacidade para 25 mil torcedores. As exigências da FIFA são que o local seja concluído, pois está só com a metade do seu estádio pronto.

Os cálculos financeiros para que ocorra essa conclusão chegam a 110 milhões. Quando pronto ficará com uma capacidade de 45 mil lugares. Mas além disso, a FIFA quer que sejam feitas muitas outras alterações como: ampliar a sala de imprensa que hoje abriga 500 repórteres devendo passar para 1500. Quer também aumentada a capacidade de estacionamento e muitas outras medidas que fogem da realidade futebolística não só do Atlético, mas do Paraná.

O Atlético tem se recusado investir a importância total, exigindo, com razão, participações de outros setores. Seu Presidente vem repetindo sempre, que atender às exigências da FIFA é comprometer o Clube Atlético Paranaense, individá-lo sem possibilidades de recuperação.

As ampliações que a entidade mundial do futebol está exigindo não são necessárias para uma pós Copa. Ficarão ociosas como ociosas estão as construções da África do Sul e, pasmem, da Alemanha também. O Atlético jamais precisará de acomodações tão desproporcionais como as exigidas para participar de um campeonato paranaense ou disputar os jogos do brasileirão. Poderá estar investindo uma quantia enorme que não será utilizada no futuro.

Assim, a impressão que se tem é que a FIFA, servindo-se de uma prática megalômana de exigir estádios e acomodações que fogem da realidade, impõe aos Países escolhidos investimentos que, momentaneamente, servirão para propagandear seus idealizadores, mas sem se preocupar com as consequências que virão no futuro.

Da mesma forma que fez nas copas anteriores, a FIFA pretende aplicar o esquema no Brasil. Exige construções e melhorias fora da realidade e a cada visita repete a velha ameaça: transferir a sede para outro País.

Mas o mundo, envolto em crises e guerras, precisa estabelecer prioridades. Serão prioridades a construção de obras faraônicas que poderão ser ociosas futuramente?

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