HORA DE DECIDIR
O povo parecia levar
Curitiba para um lugar que seus administradores tradicionais nunca imaginaram.
Quando do primeiro turno, pelas
dificuldades encontradas para emplacar o homem, muitos achavam o Luciano Ducci
meio fraco. Trabalhador, honesto, competente, mas sem carisma, nem poder de atrair.
Desprovido das características
de um verdadeiro político, mostrou-se incapaz
de entusiasmar as multidões. A própria voz não empolgava.
Garantiam-lhe a possibilidade
de mais quatro anos, buscando manter a estrutura do estado e da prefeitura unidos.
A máquina, como é mais conhecida, de um só lado. Foi o indicado do Governador, que
para esta escolha não levou em consideração o partido, Luciano é PSB,
preterindo Gustavo Fruet.
Gustavo sempre aspirou ser prefeito. A
lembrança do pai, herói tradicional curitibano, fanfarrão,
empolgado pelos seus carneiros de raça, não só fascinava o filho, mas o induzia
a segui-lo.
Parceiro de Beto Richa na eleição
de Governador, jamais se imaginou que seria o seu maior rival na de Prefeito
que viria.
Tentativas de acertos foram feitas, mas
nem o governador nem o postulante à prefeitura se entenderam. Não
sabemos quem foi o mais intransigente, sabemos que Gustavo deixou o PSDB e foi
se aninhar no PDT, depois de recusar convites de outros partidos menores.
O que poucos entenderam foi o que viria
depois: sua aliança com o PT, - eterno alvo de suas acirradas criticas, - a
quem ofereceu a cadeira de vice.
Como em política tudo é possível
e entendível, começaram a inusitada mistura da "água com o óleo", diante da
inicial desconfiança do eleitor que aos poucos foi assimilando e entendendo. Resultado:
ao final do primeiro turno Fruet passa Luciano e ingressa no segundo.
O representante apadrinhado do Governo Federal, recuperando a confiança da população curitibana.
O Ratinho veio vindo como quem não
queria nada. Colocou-se do lado dos pobres, selou pactos com os bairros mais abandonados
e carentes, criou as “ratinetes”, utilizou o Ratinho Pai na televisão e estourou
na mídia.
Os alunos dos bairros pobres já
se viam uniformizados e felizes porque a uniformização lhes daria a
possibilidade de passarem por ricos. Venceu o primeiro turno e bem distante,
trouxe o inesperado Gustavo para disputar o segundo.
A surpresa foi Luciano Ducci,
abatido no inexplicável terceiro lugar, ele que estava programado para ser prefeito por mais quatro
anos.
Depois disso, ninguém duvidava que
Ratinho seria o novo prefeito. Todos achavam que o Governador o apoiaria como
forma de desforra contra Gustavo.
Precipitadamente, logo em seguida, Requião
colocou-se ao lado do jovem candidato. Depois, - precedido de alguma encenação,
característica sua, - veio o Grecca.
Sem muita surpresa, acostumado a montar no
cavalo andante, Rubens
Bueno posicionou-se ao lado do candidato do PDT.
Beto Richa parecia estar calculando os
riscos futuros: se apoiasse Ratinho poderia sofrer uma segunda derrota; apoio a
Fruet era impossível, acham até, os mais aficionados, que ele nem aceitaria. A
saída: manter-se neutro. Difícil entender que o Governador mantenha-se assim,
mas pareceu e parece ser a saída mais honrosa.
As últimas pesquisas apontam uma
inversão de posição. Verdadeiro cavalo paraguaio, Ratinho cai para segundo;
Fruet assume o primeiro lugar com uma vantagem até confortável.
Os alunos parecem ter abdicado
dos uniformes, o governo federal entrou firme, a população curitibana resolveu
não entregar a cidade.
Difícil entender a virada, mas pode ser
analisada. A
pessoa a ser derrotada não é Ratinho, mas o Governador que vinha se destacando
e começava a incomodar a esfera federal.
Nessa disputa pelo poder, não se trata
de tornar Gustavo Fruet prefeito, o objetivo principal é enfraquecer e ferir mortalmente
Beto Richa. Todos sabem que sem os preciosos e importantes votos de Curitiba,
torna-se mais difícil sua reeleição.
Como uma das alternativas, terá
que partir para o interior o que será muito bom para os municípios. Foram eles,
- até bem pouco tempo, - os responsáveis pelas repetidas eleições de Requião e
os grandes angariadores dos votos de Osmar Dias, na última disputa com o
próprio Beto Richa.
Saídas existem. O tempo ainda faculta a
execução de projetos que os eleitores aguardam com ansiedade. Um estudo mais profundo
da situação poderá reacender as esperanças, mas é necessário ter bem claro que
a Capital sempre foi decisiva e precisará ser trabalhada. Tarefa interessante,
mas nada fácil!
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