VIAJANDO DE ÔNIBUS
Mais uma história do ônibus coletivo.
Quando entrei havia poucas
pessoas em pé. Nos
lugares reservados aos idosos, gestantes e deficientes encontravam-se sentadas
pessoas jovens.
Ninguém se movimentou para oferecer-me um lugar. Fizeram que
não tinham nem percebido. Uns continuaram ouvindo música nos seus fones de ouvido,
outros a conversar animadamente.
Fiquei eu de pé, agarrando-me a cada freada do
ônibus para não cair.
Encontrava-me num daqueles dias alegres, de alto astral e
deduzi:– não estou aparentando idade para sentar-me naqueles bancos, razão pela
qual ninguém fez-me a oferta.
Na primeira parada, desembarcou um daqueles jovens e uma senhora que se
encontrava em pé bem a minha frente, virou-se para mim dizendo: - o senhor quer
sentar-se?
Tive um de sobressalto e percebendo que estava enganado,
deduzi que aqueles jovens que ocupavam lugares indevidos não haviam me
oferecido um lugar para sentar, não porque não me tinham percebido, ou porque
não me acharam idoso, mas por serem mal educados, desrespeitadores das leis e
indiferentes com as pessoas mais velhas. Representantes de uma geração que não
valoriza as coisas, altamente individualistas e sem nenhum vínculo com o passado,
muito menos com o futuro.
- Obrigado, minha senhora, por favor pode sentar! Continuei minha
viagem agarrando-me aos canos e bordas dos bancos para não cair.
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