COMÉRCIO DE CERTIFICADOS

Hoje é comum encontrar em jornais, panfletos, placas e até no rádio, propagandas que divulgam saídas miraculosas oferecendo soluções imediatas àqueles que não completaram o Ensino Fundamental ou Médio.
E a procura é enorme. Se você ligar para os telefones que disponibilizam, vai descobrir que, aparentemente, a solução está ali.
Normalmente, uma voz feminina, simpática e muito atenciosa, mas bem treinada, vai responder a todas as suas dúvidas. Informa que o certificado do Ensino Fundamental custa seiscentos reais e pode ser pago em até seis meses, cem por mês.
Diz que a escola certificadora é do Rio de Janeiro, que é reconhecida pelo MEC (uma grande mentira, pois o MEC não tem nada a ver com reconhecimento do Ensino Fundamental), que assim que terminar o último pagamento recebe o certificado de conclusão, que vai receber apostilas, estudar da maneira como quiser e, quando se julgar apto, poderá fazer as provas.
Mas se você explicar que tem pressa e que precisa do certificado logo, ela vai criar dificuldades, mas acabará - depois de uma conversa bem feita - dizendo que até pode arrumar o documento em quinze dias, se pagar à vista.
Os que têm urgência entram direitinho. Alguns, mais afortunados, conseguem receber o certificado que vem esquentado com assinaturas falsificadas de colégios do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
Assinaturas vistosas e ilegíveis!
De posse dos troféus, apressam-se para entregá-los nos seus lugares de trabalho para promoções e aumentos salariais. Ali, dias depois, são comunicados da falsidade do documento e se desesperam.
Há aqueles que pagam tudo adiantado, acertam a data para o recebimento e quando vão buscar o documento, geralmente não encontram mais ninguém no lugar que está fechado.
Analisando a situação pelos dois lagos, se chega a uma triste conclusão: o primeiro descobriu uma maneira de ganhar dinheiro de forma fraudulente e fácil, pois quase não sofre fiscalização; o segundo, pensando que não pode perder uma oportunidade como essa para se diplomar, desconhece que dificilmente conseguirá burlar uma verificação futura.
Ao final conclui que perdeu seu dinheiro, não teve promoção nem aumento de salário e, nunca conseguirá validar aquilo que acreditou ser a sua tábua de salvação.

Comentários

TEREZA FREIRE disse…
Infelizmente isso acontece sob as vistas de todo mundo. Desonestidade parece ser a palavra de ordem nos dias de hoje. Leva quem for o mais esperto, quem encontrar o meio mais fácil de ganhar dinheiro... triste, isso.

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