GEOGRAFIA

Todas as cidades têm seus rios:
Roma debruça-se sobre o Tibre, 
das pontes de arcos antigos.
Paris ostenta o Sena, 
cheio de encantos e namorados. 
Lisboa se orgulha do Tejo, dos tristes fados. 
Madri tem o seu Manzanares, 
pequeno para uma cidade tão grande. 
Bagdá, o belo Tigre, 
dos inesquecíveis jardins supensos.
Curitiba, o Belém, 
que mata o Iguaçu no nascedouro. 
Assuncion, o Paraguai, 
do pantanal brasileiro. 
Londres o seu Tamisa, 
da ponte e do Big Ben. 
O Hudson descansa em Nova York, 
ele que já teve duzentos metros de fundura, 
está hoje assoreado. 
O Amazonas passa por Belém e termina no mar,
depois de banhar Manaus
e criar a pororoca. 
Todas as cidades têm seus rios, 
São Paulo exigiu que lhe dessem dois: 
o Pinheiros e o Tietê, 
um só seria pouco para poluir. 
Em Porto alegre há o Guaíba, 
que até parece um lago. 
O Nilo passa banhando Cairo, 
o Danúbio toca valsas saudosas 
em Viena, Budapeste e Belgrado. 
Buenos Aires a estender-se no Rio da Plata, 
que exigiu três rios para se formar. 
Tóquio, o Tonegawa, 
que mata a sede de trinta milhões, 
antes de morrer no Pacífico. 
Eu escolhi o meu rio, 
nele pesco e sempre navego, 
nele mergulho e ensaio nados. 
Por causa dele conto histórias, 
pedindo que o respeitem. 
Sobre suas águas, às vezes choro, 
por vê-las quase sem peixes. 
Sentado sobre suas margens, 
assisto o passeio das águas, 
que descem buscando o sul. 
Passeando em suas ilhas, 
ouço o canto dos passarinhos, 
aprecio o grito dos macacos, 
tento espantar as muriçocas, 
sinto o silêncio de lá. 
Todas as cidades têm seus rios, 
eu também tenho o meu, 
caudaloso e tão bonito, 
escolhi o Paraná. 
Comentários