AS PALAVRAS DA GOVERNADORA
Está
circulando na internet uma fotografia de homens decapitados, com as cabeças
postas ao lado dos corpos ensanguentados. Uma cena horrível e quase inconcebível para os
nossos dias! A legenda informa que são presos assassinados em São Luiz,
Maranhão.
Pois
ontem (10/01), no Jornal Nacional da Globo (20h30min.), numa entrevista, a governadora do estado, Roseana Sarney, com
feições sérias como a quer que todos acreditassem, disse que o motivo das rebeliões e assassinatos que estão ocorrendo em São
Luiz devem-se ao progresso e aumento da riqueza, que o Maranhão vem tendo no seu
governo.
Custou-me
acreditar no que estava ouvindo e somente hoje aquelas explicações voltaram-me
à tona quando vi as fotos e tive mais tempo para pensar diante daqueles degolados.
Todos
sabem que o estado governado pela filha de José Sarney é um dos, se não o mais
atrasado dos estados brasileiros -, em que pese ter o pai sido Presidente do
Brasil e quase se eternizado na presidência do Senado -, razões que poderiam ter contribuído
para tirar o Maranhão do estado lastimável que se encontra.
Aparentemente
nunca foi interessante que o progresso se instalasse por lá. O clã Sarney sempre
simpatizou-se com o estado de miséria e abandono, e, raras exceções, a família sucessivamente
se alternou no poder, ou quando fora, depositou em mãos de postulantes e defensores das mesmas
ideias.
Agora,
conceber e acreditar que o motivo das rebeliões e mortes está relacionado com o
progresso que o estado vem tendo no seu governo é um descalabro. É muita coisa
para a nossa imaginação, uma afronta!
As
causas, senhora Roseana, são muito mais profundas e estão ligadas ao descaso,
ao abandono, a falta de gestão do seu governo, a ausência de prioridades, o protecionismo, a
maneira ultrapassada de governar onde o povo ouvia e aceitava tudo o que era
dito.
E
para comprovar o que ficou dito acima, fico sabendo que a governadora deve se
licenciar do cargo para concorrer ao senado. Mais uma afronta, mais um descaso
com a população maranhense. Mas as razões dessa atitude são simples: não
concorrer ao senado significa, no mínimo, quatro anos de ostracismo depois que
o mandato governamental se encerrar. Isso não é interessante para quem está acostumada a mandar.
Bem
que eu queria e todos torcem, para que o Maranhão seja alvo de um avassalador
progresso! Mas isso não está acontecendo, pelo que se percebe, nesse momento de mortes e rebeliões.
Um
motivo mais acertado para explicar aquilo tudo: estão se matando porque não
suportam mais as misérias encontradas nos presídios. A superpopulação, o ódio e
as disputas pelo poder -, por mínimo que seja -, são bem melhor e um atrativo
libertador, uma vez que a vida já não tem sentido nessa triste situação.
O
progresso, senhora governadora, traz conforto, alegria, satisfação, e isto não parece existir por lá, nem está sendo oferecido ao nosso querido Maranhão.
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