POR PARTES OU NO TODO
Sempre foi assim:
para que se resolvam os problemas existentes, é necessário que haja
um escândalo, uma catástrofe; que se desça ao fundo do poço.
Para se tentar
resolver a situação de boates, casas norturnas, locais de shows,
etc., etc., parece ter sido necessário a morte de 235 pessoas.
Após a
catástrofe, o Brasil inteiro divulga as movimentações para fiscalizar
o funcionamento dessas casas. Será como uma caça às bruxas. Os
afixionados desse divertimento vão ter que esperar, pois muitos e
muitos locais serão fechados, podem ter certeza. Descobrirão tudo,
divulgarão a podridão do mundo noturno, as armadilhas que são
essas casas. E a população, perplexa, elogiará o trabalho da
fiscalização.
Mas, para que isso
acontecesse, foram necessários 235 mortes de uma só vez. Foram
necessários centenas e centenas de queimados, inutilizados e
intoxicados nos leitos dos hospitais gaúchos, entre a vida e a morte.
Requereu-se movimentações e passeatas da população nas ruas.
Só assim as
autoridades competentes se movimentaram. Estão propondo agora uma devassa.
Fechamento dos estabelecimentos irregulares. Fornecimento de "selos"
para as casas que atendem às exigências de seguranças e uma série
de outras providências.
Muitos outros
setores da sociedade brasileira estão propensos a passar pelos
mesmos estágios palmilhados pelas casas noturnas.
Cito alguns: o setor
de combustíveis, que proclamou sua independência e faz o que bem
entende.
A própria política brasileira, mergulhada numa
interminável corrupção, menospreza a população e segue a
tradição herdada dos nossos colonizadores, cada vez menos preocupada com as consequências.
Enquanto os erros e
os desmandos forem sendo corrigidos por partes, a tranquilidade
poderá existir. O medo é se decidirem uma correção no "Todo",
pois, com certeza, os estragos serão muito maiores e sem previsão
das consequências.
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