SALVE BONIFÁCIO
O amigo chegou e
disse ao colega de trabalho que o pagamento fora suspenso por falta
de lastros financeiros na empresa. Essa suspensão do salário dos
funcionários comprovava que as coisas não andavam muito boas por
lá.
Ocorre que
Bonifácio havia programado uma viagem para os dias de carnaval e só
estava aguardando o dinheiro do mês chegar para fazer o pagamento e
pegar o navio. Seria uma viagem daquelas que sempre havia sonhado!
Cara por certo, excedendo às suas reservas financeiras, mas com um
pouco de economia e sacrifício poderia ser feita, concluiu.
Ouviu a notícia e
ficou calado. Não contava com aquele contratempo. Naquela situação,
para garantir a viagem, teria que viabilizar uma forma.
Recolheu-se à sua
mesa de trabalho e passou a fazer contas. Constatou -, após certo
tempo de somas e arrancões de cabelos -, que não dispunha do
valor. Além disso, seria necessário viabilizar um empréstimo para
cobrir o cheque que dera para ser descontado naquele dia.
Pensou em cancelar
a viagem, mas no contrato que havia assinado estava bem clara a
impossibilidade de arrependimento.
Um outro colega,
observando o desconforto de Bonifácio, a agitação e angústia
estampada no seu rosto, foi tomado de um sentimento de piedade.
Resolveu ajudar o companheiro.
O semblante de
Bonifácio foi se modificando. O rubor voltou-lhe à face e o sorriso
se estampou em sua fisionomia, quando foi informado de que a notícia
funesta não passava de uma simples brincadeira. O pagamento seria
depositado às 12 horas daquele dia.
O céu tornou a ser
azul. O mar passou a ter suas águas tranquilas. O navio dos seus
sonhos voltou a navegar silencioso seguindo seu caminho naquela
noite de lua cheia e estrelas cintilantes.
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