AS DUAS CIDADES
Saio
às ruas e fico surpreso com a transformação. Será festa, competições, algum
jogo de futebol importante? Ruas congestionadas. Shoppings cheios. Praias
lotadas. Tudo foi tomado. Uma cidade cosmopolita. Verdadeira torre de Babel.
Assim
é Florianópolis: uma cidade de março a novembro; outra cidade, de dezembro a março.
Uns gostam, outros não, da cidade pacata do primeiro momento, ou da cidade
buliçosa do segundo. Na do primeiro as pontes fluem conduzindo seus habitantes
num eterno vai-e-vem entre o continente e a ilha. Na do segundo, não só as
pontes se enchem, mas também todos os lugares que oferecem acesso e lazer aos
turistas sequiosos.
Queiram
ou não queiram Florianópolis não pode abandonar essa sua duplicidade. Por questão de sobrevivência, serão sempre
necessárias as duas cidades.
O
que precisa acontecer é se criar condições para que as duas continuem a existir. Tudo aqui é ainda muito acanhado: faltam
coisas essenciais como água, luz, acessibilidade, melhor trato ao turista.
Falta um aeroporto moderno, políticos e administradores públicos mais arrojados,
menos corrupção, mais sintonia entre o empreendedor e o protetor.
Esse
“pedacinho de terra, perdido no mar” de “beleza sem par” (versos do hino de
Florianópolis) encanta e atrai, mas, nem sempre, tem conseguido retribuir. A própria
população não está devidamente preparada para receber os que chegam. Nota-se certa decepção nos que vieram e estão
retornando.
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