OS DENGOSOS


Para entender esta fábula é preciso imaginar uma cidade de mosquitos da dengue. Eles estão vivendo num lugar que idealizaram e construíram com a participação dos homens. Se encontram felizes, alegres, conversando e despreocupados, pois ali não existem problemas e ninguém os perturba.

Chegaram àquele lugar por acaso e vivem uma prosperidade. Nos encontros e festas que promovem comentam a sorte que tiveram. Nunca haviam encontrado um lugar tão bom como aquele para viver, criar seus filhos, fazê-los felizes e prósperos.

Nas suas reuniões sociais comentam e não se cansam de bem-dizer a sorte. É pai feliz, mãe eufórica, filhos e filhas andando pelos campos e jardins em total liberdade. Que sorte a deles - comentam - fugiram de um lugar inóspito, seco e sem água e estão hoje vivendo nesse paraíso!

Acabou a taxa de mortalidade infantil. Se multiplicam facilmente. Nem trabalhar precisam: encontram os berços prontos. Uma sugada aqui, outra ali. Descobriram que naquele lugar poderiam despositar suas sementes, pois nasceriam até sem cuidados.

Que paraíso, falavam todos!

Tinham ouvido dizer que o mundo estava discutindo a falta de recursos, de terras férteis, alimentos e tantos outros problemas, mas que o problema mais sério dos debates era a escassez de água.

Bem diferente era aquele lugar! Terras boas e água em abundância. Havia água por todos os lados. Água correndo nos rios, água nas lagoas, água jorrando nas bicas, água dentro de pneus velhos, em latas enferrujadas, vasos e flores, água até armazenada em velhas caixas de água expostas. Tinha até um cheiro esquisito de tanta água e os mosquitos adoravam.

Um dia o chefe daquela cidade reuniu todos os habitantes do local e redondezas para agradecer. Começou falando assim: meus senhores, minhas senhoras, jovens e todos os que aqui se acham presentes, esse local magnífico onde vivemos e nos proliferamos é um lugar abençoado que foi criado por humanos. Eles, gentilmente, nos estão oferecendo para que possamos desenvolver e multiplicar nossa raça tão maltratada em outros lugares do mundo.
Devemos agradecer, porque os humanos são humanos!
Para nos ver felizes e nos multiplicar, aceitam sentir febres, vômitos, mal estar e até morrer.

Viva os humanos! Viva os humanos!

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