PERPLEXIDADE


Hoje pela manhã fui levar a Lu (minha esposa) para fazer uns exames. Era num Centro Clínico de Curitiba, que opera Planos de Saúde.


Neste Centro Clínico há uma diversidade de atendimentos médicos: consultas, exames, e funciona também ali um Hospital.


Logo na chegada, na porta da recepção, quase impedindo o acesso das pessoas, havia um carro de uma funerária com a porta traseira aberta, bem próxima da porta de entrada.


Estranhei aquilo. O motorista saiu do carro vestido num uniforme até bonito e foi conversar com a recepcionista. Já havia um outro em conversa com ela e assinava um livro que deduzi seria a liberação do corpo.


- Quarto número oito - falou ela sorrindo. É só dobrar a direita e subir a rampa.


Nos atendeu solícita e continuou sorrindo.


- Estranho isso! - comentei, não há um lugar próprio para embarcar os corpos?


- Isso aqui para nós é normal - comentou ela enquanto terminava de fazer o encaminhamento da Lu.


- Normal para vocês! - comentei contrariado.


- O nosso coração está endurecido - nem ligamos mais.


- O meu ainda continua cheio de sensibilidade e me aflige uma situação assim - disse-lhe.




Quando aguardávamos, no corredor, o momento da Lu ser chamada para fazer o exame, num carrinho silencioso, passava o corpo coberto conduzido pelos dois. Os que estavam na recepção olharam-se assustados.




Acompanharam os homens da funerária que faziam o serviço meio às pressas e não falaram nada. Presenciei alguns cochichos.


***

Me perdoem, conheço muitos hospitais, mas nunca vi uma situação dessas! Duvido que isso tenha acontecido, que os mortos sejam conduzidos para o "carburão" pela porta principal. Há um lugar próprio para esse trabalho, porque, se os funcionários são insensíveis e acham aquilo normal; os pacientes estão ainda com os corações amolecidos e todos os que estão naquela sala encontram-se ali por algum problema de saúde.


Ver um morto passar daquela forma, certamente lhes alterará a pressão arterial ou balançará seu psicológico.








Comentários

VilmaSouza disse…
Nossa que situação. A vida do ser humano esta muito banalizada e a saúde é mesmo um caso de calamidade nacional. Bjs

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