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Ontem, logo cedo, eu ia para o meu trabalho seguindo pela Rua Paulo Setúbal, na divisa do bairro Boqueirão com o Hauer.
Às 7h30min. os carros seguem sempre em fila, porque o movimento é muito grande. Precisa ter paciência para aguentar uma situação daquelas. Uma disputa por espaço onde o mais esperto sempre acaba ganhando. Uma briga seguida de sustos por causa dos motoqueiros.
Mas o acontecimento que me assombrou e ainda agora, dois dias depois, mantém-me apreensivo, foi o que presenciei a minha frente, quando seguia naquela fila. A não mais que vinte metros, um homem de revólver em punho corria atrás de outro disparando tiros. O cano fumegava a cada puchada de gatilho. Nem sei quantos tiros foram, mas vi quando o que corria para se salvar, tombou. Certamente fora atingido.
Não tive oportunidade de vê-lo estirado na calçada porque a fila me empurrava e tive que seguir.
Pude ainda ver que o assassino, de revolver em punho, corria e dobrava uma esquina, certo de que havia cumprido com o seu propósito e precisava fugir.
No rádio sintonizado, ouço a notícia: "acaba de ser assassinada uma pessoa na Rua Paulo Setúbal. A polícia está se dirigindo para o local na tentativa de prender o assassino."
O assassino já estava longe. Certamente tivera tempo para esconder sua arma, trocar de roupa e até voltar ao local do crime para se certificar que o seu desafeto realmente havia morrido.
Acontecimentos iguais estão por todos os lugares. Curitiba virou uma cidade onde matar está sendo encarado com naturalidade. É difícil entender que uma cena daquelas, um correndo atrás do outro o atinge pelas costas sem nem sequer tocá-lo.
Nem sinal a bala faz, mas derruba, imobiliza, faz o sangue correr por lugares impróprios e aquilo que era sinônimo de vida, serve para contaminar e matar.
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