A GOIABEIRA DA SETE


Já se acabaram as goiabas,
caíram as madurecidas,
outras foram colhidas pelos passantes,
centenas apodreceram pelo chão,
saciaram-se as abelhas
que transportaram suas seivas,
 serviram para sustentar insetos,
que lhe sugaram o líquen,
matou a fome dos passarinhos,
que voaram para espalhar as sementes.

Foi-se o período das frutas
e as folhas estão mais verdes,
a planta feita uma mãe do pós-parto,
já sem nenhum ponto amarelo,
prepara-se para uma nova estação.

Goiabeira da Sete de Setembro,
a expor-se pelos vidros da minha janela,
em ti o meu olhar se demora,
admirando-te a beleza,
numa permanente frequência diária.

Não sei se estavas mais bela antes,
se mais linda estás agora,
se novas belezas virão,
no prazer de apresentar surpresas!

Nesses preparativos para um novo período,
alimenta esse meu êxtase,
a copiar o teu trabalho,
que se transforma lentamente,
numa nova fase produtiva.

Variam as tonalidades,
pareces cada vez mais elegante,
cada vez mais sugestiva,
cada vez mais atraente.

E nesse embalo, companheira da avenida,
sigo a vida,
imitando o teu trabalho,
a transformar-me.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ESTRANHO

OS DECRETOS DO PESSUTI

CONTRASTES