MULHER PERFEITA

Logo pela manhã bem cedo levanta para fazer o café. Enquanto eu gasto o tempo com a higiene, ela desce rapidamente para preparar o desjejum. Não demora dez minutos e está tudo pronto. Acomodo-me à mesa para a primeira refeição, ela já está cuidando de outras coisas. A cama vai sendo arrumada. A janela do quarto aberta traz sol e vento para dentro, eliminando o ranço da noite.
        
Entende que sempre tenho um dia inteiro pela frente. Começo de um dia, muitas coisas para serem feitas.  Já fora mulher a noite toda: abraços, beijos, soluços, mimos, sexo demorado. Compromissos simples, mas que somente ela sabia torná-los importantes. Não se sentia pequena pelos mais humildes, nem se engrandecia quando executava atividades sofisticadas.

Ideias machistas e complicadas essas minhas!
Ela não se alterava com meus olhares, nem mudava de comportamento com os elogios.
- Tomou teus remédios?
- Você não viu?
- Esta tua roupa não está boa, precisa combinar cores!
- Agora deu!
- Vai fazer frio hoje.
- Tatiana... Tatiana... – quer-me sempre bonito!
- Diga que gosto do belo.
- Está bem...
- Café com adoçante ou quer açúcar?
- Até...
- Beijo. Bom trabalho!


Tenho certeza: vai passar o dia ali a me esperar.
(do livro Histórias Soltas - página 271) 

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