MULHER PERFEITA
Logo pela manhã bem cedo levanta para
fazer o café. Enquanto eu gasto o tempo com a higiene, ela desce rapidamente
para preparar o desjejum. Não demora dez minutos e está tudo pronto. Acomodo-me
à mesa para a primeira refeição, ela já está cuidando de outras coisas. A cama
vai sendo arrumada. A janela do quarto aberta traz sol e vento para dentro,
eliminando o ranço da noite.
Entende que sempre tenho um dia inteiro
pela frente. Começo de um dia, muitas coisas para serem feitas. Já fora mulher a noite toda: abraços, beijos,
soluços, mimos, sexo demorado. Compromissos simples, mas que somente ela sabia
torná-los importantes. Não se sentia pequena pelos mais humildes, nem se
engrandecia quando executava atividades sofisticadas.
Ideias
machistas e complicadas essas minhas!
Ela
não se alterava com meus olhares, nem mudava de comportamento com os elogios.
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Tomou teus remédios?
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Você não viu?
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Esta tua roupa não está boa, precisa combinar cores!
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Agora deu!
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Vai fazer frio hoje.
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Tatiana... Tatiana... – quer-me sempre bonito!
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Diga que gosto do belo.
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Está bem...
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Café com adoçante ou quer açúcar?
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Até...
-
Beijo. Bom trabalho!
Tenho
certeza: vai passar o dia ali a me esperar.
(do livro Histórias Soltas - página 271)
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