CIDADE MARAVILHOSA?

Passei, recentemente, vinte dias no Rio de Janeiro. Conhecia a cidade muito superficialmente, resultado de algumas viagens de trabalho.  Conhecê-la com mais profundidade sempre foi meu grande desejo, mas para que isso fosse possível, o bom mesmo seria morar ali. Todavia, baseado nesses poucos dias, atrevo-me a emitir algumas opiniões.

O Rio de Janeiro possui coisas maravilhosas, mas também muitas tristes. É o “Bem” e o “Mal” presentes num só lugar. Uma cidade que simula soluções sem mostrá-las.

O carioca parece não ter uma dimensão exata do valor das coisas. Tudo ali tem preço astronômico: A diária num hotel é a mais cara do Brasil. O valor dos imóveis atinge importâncias absurdas (domínio absoluto do ramo imobiliário que estabelece preços sem a preocupação com a realidade). A mão de obra é caríssima e de péssima qualidade. Quase ninguém dos que assumem compromissos chega no horário e muitas vezes nem aparecem (não justificam os atrasos nem as ausências, primando pela irresponsabilidade).
O trânsito é um verdadeiro caos. Ninguém respeita ninguém. Ônibus passam no sinal vermelho sem a mínima preocupação, carros abusam da velocidade. O pedestre não tem a mínima chance nem oportunidade e também já se habituou a desrespeitar todas as leis. É um salve-se quem puder.

Na verdade, as belezas de Copacabana, Leblon, Ipanema, Floresta da Tijuca, das construções históricas, suas igrejas e o Maracanã contrastam com as feiuras dos morros repletos de barracos mal feitos e inacabados onde se apinham milhares de pessoas vivendo nas maiores dificuldades, reféns do tráfico e temerosas com as ações truculentas da polícia. Continuam sendo os mesmos escravos da época colonial. 

Uma cidade suja, fedorenta, com a Lagoa Rodrigo de Freitas poluída e a Baía de Guanabara apodrecendo. (local onde pretendem realizar as competições aquáticas nas Olimpíadas) 

E as recentes manifestações que estão ocorrendo no centro da cidade evidenciam o despreparo policial que não consegue evitar as depredações do patrimônio público e também do privado. Como será por ocasião dos dois eventos mundiais?

Ao observar o Rio de Janeiro do alto do Cristo Redentor ficamos extasiados com a beleza tranquila e deslumbrante que vemos. O “Bem” parece se encarnar naquela imagem, de braços abertos e feições tranquilas.  Contrasta, porém, com o que acontece lá em baixo no dia a dia duro que o povo enfrenta e nas noites que poderiam ser sossegadas e, atualmente, proibidas, porque estão reservadas às práticas do “mal”.

Tudo ali, a impressão que se tem,  acontece de forma desordenada. As reformas para abrigar a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos são feitas sem qualquer planejamento, provocando paralisações, engarrafamentos fantásticos, desconforto e revolta da população. O metrô funciona o tempo todo apinhado de gente, os trens estão constantemente quebrados. 


Eu sei que muitos cariocas ao ler o que digo vão achar que estou totalmente errado. É que ninguém pode fazer um julgamento exato quando está acostumado a um tipo de vida, sem conhecer a organização de outro. 
Na verdade, o Rio de Janeiro cobra "muitíssmo caro por aquilo que oferece.

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