DIFERENÇAS

Esses dias eu estava ouvindo uma música sertaneja daquelas antigas. Gosto desse gênero de música: o sertanejo raiz; não o sertanejo universitário, porque a maioria de suas letras são de uma pobreza lastimável.

A letra mostrava a decadência e a tristeza que o progresso trouxe ao sertão. Saudade da boiada que percorria quilômetros e quilômetros andando por estradas de chão batido. Hoje os bois seguem engaiolados em caminhões boiadeiros e o romantismo do passado quase desapareceu.

Um verso me chamou atenção, pela facilidade que se tinha de tornar agradável até aquilo que tanto atormenta atualmente: “O asfalto vai apagando o encanto da poeira”. Verso interessante e metafórico, que proporciona uma profunda análise!

Voltando para o sertanejo atual, mais para o cantor sertanejo homem, a preocupação é mostrar-se um ser viril, querer provar à mulher que se ela quiser fará sexo até que ela peça para parar. É essa a linha geral das letras: o machismo do homem prometendo submeter a mulher,  com a “pica” sempre dura e disponível.  “Ah se eu te pego!” Parecem mais uma geração de cantores tarados.

A natureza, os pássaros, a lua, as estrelas, os campos cheios de tranquilidade sumiram das letras dos sertanejos universitários.


Que as transformações são necessárias e inevitáveis, isso todo mundo sabe, mas o que está faltando, convenhamos, é uma diversidade de assuntos, que não precisam ser aqueles do passado, mas que encerrem conteúdos. 

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