SÓ OS SEGUIDORES BRIGAM
Alguém que não quis se identificar, nem alcançar fama,
conseguiu a façanha que eu nunca
imaginava ser possível: promoveu um
encontro entre Jesus Cristo e Maomé, os fundadores das duas religiões cujos
seguidores não andam muito em paz atualmente.
Todo mundo achava isso impossível porque as disputas mundiais entre os
dois lados cada vez parecem mais complicadas, e as ideias não conseguem se
ajustar.
Pois bem, no dia combinado, num local simples, sem qualquer proteção,
eis que Jesus e Maomé estão conversando. Na chegada, deram-se as mãos,
abraçaram-se, sorriram largamente, parecendo dois velhos amigos. Acordaram aquele encontro para um balanço da situação mundial.
Todos sabem que ambas as
religiões começaram numa mesma região, espalhando-se pelo mundo. Para
difundi-las e propagá-las, ao longo da história, muitas vidas foram
sacrificadas. Guerras e lutas, mortes e mais mortes. Bombas, atentados,
sequestros.
Nesse encontro conversavam normalmente. Nenhum alterava sua voz.
Pareciam sem qualquer ambição. Ninguém esboçava o desejo de conquistar o mundo.
Aparentavam velhos conhecidos. A diferença de idade histórica não estava
presente em suas fisionomias. Maomé não elogiou Meca, nem Cristo destacou Jerusalém.
O nazareno não recriminou o saudita quando soube da destruição das torres; Maomé
não teceu comentários irados ao falarem do filme que estava criando polêmica no
mundo.
Os fatos iam sendo analisados dentro da maior normalidade. Serenos os
dois, enquanto os acontecimentos iam sendo relembrados. Não decidiram por nenhum
acordo, não tomaram nenhuma decisão, nem ata lavraram para documentar o
encontro.
Depois que a história do mundo foi rememorada, embarcaram no mesmo
avião. Um supersônico moderno e enorme que decolou para deixá-los em seus
respectivos lugares: Cristo ficou em Jerusalém, Maomé em Meca. Tinham ainda
assuntos para tratar nessas cidades. Combinaram que o regresso se daria na
semana seguinte, pois iam morar no mesmo lugar.
Esperava-os o céu. O mundo em paz.
Comentários