UM LIVRO DIFERENTE
Acabo
de ler o livro “O Império é Você”, do escritor espanhol Javier
Moro, da Editora Planeta do Brasil. É uma obra literária que
atingiu repercussão no Brasil, principalmente quando do seu
lançamento. Quase um “bestseller”. Mas, para diminuir a tensão
que se criou na época do lançamento, o próprio escritor explicou
que se tratava de um romance, uma obra quase de ficção baseada num
fato histórico.
O
personagem central é Dom Pedro I, suas peripécias e amores
desregrados. Narrado sob um prisma totalmente diferente do que
estávamos habituados a ver: “o lado espanhol de contar
passagens da história de Portugal e do Brasil”.
Estávamos
acostumados a ver Dom Pedro como um Príncipe, Rei e Imperador quase
perfeito nos livros de história dos bancos escolares. A visão
transmitida em o “Império é Você” foge muito disso. Aparece
como um soberano de carne e osso. Cheio de defeitos. Destemperado e
agressivo. Corajoso e sem controle, quando o assunto era mulheres.
Chega a ser cômico. Durante a leitura desse livro pode-se concluir
que foi ele o grande responsável pela morte prematura de sua esposa, a Princesa Leopoldina, em razão dos escândalos amorosos vividos com Domitila
(a Marquesa de Santos).
Apesar
de tantos problemas e defeitos, sem dúvida constituiu-se no grande
organizador da Nação Brasileira quando ela começava. Não
tivéssemos tido Dom Pedro, o Brasil atual certamente não existiria.
Foi o responsável pela manutenção e ampliação territorial da
colônia portuguesa chamada Brasil.
O
livro é extenso e detalhado. Quase 500 páginas. Tem uma leitura
fácil e atraente. Às vezes até repetivo. Repleto de muitos erros
gramaticais e até de impressão gráfica. Torna-se interessante pela
maneira nova de contar os fatos, com forte tendência à liciosidade.
Revela acontecimentos desconhecidos ou sigilosos até então.
Sua
morte prematura causa comoção sentimental pelas causas e nas
circunstâncias acontecidas. Saiu do Brasil “veladamente expulso”,
mas sua ausência provocou tantos desentendimentos na classe política
brasileira, que esta, impossibilitada de governar, cruzou o
Atlântico para solicitar o seu retorno. Encontraram-no doente e
desgastado por uma guerra fraticída. Não aceitou o convite,
preferindo morrer (de tuberculose), no quarto do Castelo de Queluz,
onde nascera, há 36 anos atrás.
Leitura
interessante, em especial para quem já leu dois outros livros que tratam
do mesmo assunto: 1808 e 1822, ambos do escritor paranaense
Laurentino Gomes.
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