MINHA ITAPOÁ
Esta semana estive no litoral. As poucas horas que passei ali me deram uma visão clara do quanto as cidades praianas estão crescendo e se movimentando. 
Nesses meses que antecedem o Natal e Ano Novo a movimentação é frenética. Não há uma casa que não se vê gente trabalhando. Estão pintando, fazendo pequenos aumentos, corrigindo algum muro, plantando ou cortando grama, enfim, agitando. 
É uma coisa gostosa ver tanto movimento e agitação! 
Nas fisionomias dos habitantes nota-se um ar de expectativa, de preparação, querendo que as festas cheguem logo. 
A minha cidade é Itapoá, norte de Santa Catarina, que conheço desde 1985, época que comprei um terreno com uma pequena e velha casa de madeira. 
Era um lugarejo sem quase nada, sem qualquer estrutura, sem água, sem energia elétrica, sem ruas abertas; um lugar de poucos pescadores que se reuniam ao redor de sua colônia e ali ficavam limpando peixes e contando causos. 
Nessa minha ida, para matar saudade, tomei uma cerveja no Bar do Pedro e juntos recordamos dos velhos tempos. O Pedrinho, sessentão como eu, tinha nem trinta naquele tempo e iniciava o seu bar lá na primeira pedra. 
Itapoá hoje está diferente. É município, comarca, tem trinta quilômetros de praias límpidas, prédios e construções por todos os lugares. 
Mas nesse progresso, infelizmente, não tem nada, ou quase nada, trazido pelas autoridades constituídas. 
Foi o povo que transformou e fez a cidade progredir, pela sua força e vontade de criar um local agradável. 
O poder público nem infra-estrutura oferece para que as pessoas possam se estabelecer. 
A burocracia e os entraves tornam quase impossível ou dificultam ao extremo quando você precisa regularizar a documentação de um propriedade. 
A segurança, extremamente precária, quase nada faz quando ladrões invadem sua casa levando pertences, que nunca são recuperados. A população diz que os larápios são  conhecidos, mas não molestados nem presos. E quando ouço isso, fico perplexo e incrédulo. 
Conversando com a Margarida, ela me diz que os vereadores agora estão votando proposta encaminhada pelo Prefeito que aumenta a alíquota do IPTU e aprovando outras artimanhas que elevarão a arrecadação. 
Entra dinheiro, mas as obras públicas parece que somem, comentam todos. 
Caminho pelas areias e sinto a ausência do poder público quando percebo que não faz nada para impedir a destruição provocada pelo mar. 
Mas a minha Itapoá não para, apesar de tantos entraves!
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