O DESPERTADOR NATURAL


Era um lugar diferente aquela casa,
mas igual a quase todas
as que existem em Itacaré:
fina e comprida,
com os cômodos alinhados
só de um lado,
ligados por um corredor,
que servia a todos.

O vento, vindo do mar,
entrava sempre pela mesma porta,
passava pelos cômodos,
arejando tudo
e saía na outra porta,
sem nem ser visto,
levando todos os cheiros.


Não tinha forro no telhado,
nem janelas para os quartos,
com telhas expostas,
feitas de barro.

Mas em cada quarto,
havia três telhas de vidro transparente,
que traziam a claridade do dia,
mostrando, à noite,
o passar da lua.


Eu dormia a noite toda naquele silêncio.
Só acordava quando lentamente,
a claridade matutina me chacoalhava,
sem fazer qualquer barulho,
penetrando pelas pálpebras,
avisando que estava na hora.








Comentários

Anônimo disse…
luzes de Itacaré, meu pai! Abraços Fausto

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